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Poesia em versos livres: Fases

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  FASES   Sou de fases como a Lua! Oscilo como as marés. Venho farto e visceral transbordando sentimentos trazendo prosperidade como as cheias do Amazonas blandiciando com meu ethos o que há de melhor em mim. A maré uma hora desce recolho-me ao restrito E não estou para ninguém! acrisolado e recluso num hermetismo alquimista até a próxima fase.  Sou um eterno paradoxo [crestomatia emotiva].                   Almir                

Soneto da semana: O Último Brinde do Boêmio

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O ÚLTIMO BRINDE DO BOÊMIO  Despeço-me da vida, o sangue escorre   Qual gotas na clepsidra do destino,   O absinto queima, néctar assassino,  Como os sonhos que a morte em mim socorre.   Meu coração poeta assim já morre   Vendo este amor buscar outro caminho,   Clamo a noite no derradeiro vinho   Para um peito que em chamas se descorre.   Abraço o cálice da despedida,   Nas sombras danço a última canção,   Pois viver sem amor é  vil ferida.   Que o sangue seja tinta em minha mão,   E a morte, enfim, minha arte mais querida,   Onde encontro, por fim, consolação. Almir - 3 de junho de 2025.

Soneto da semana: Incenso ardente

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INCENSO ARDENTE Ah! Eu sou o mais amado curitibano, desvendando da vida o sacro enigma; o qual advém do tempo, mestre arcano, e o fado em epifania consigna. Tu  me aguardas em ânsia tão sublime, lânguida espera, notória irradia, grande  afeto, que o tempo não suprime, paixão benta cujo verso alumia. Na taça que transborda, vacilante, em noites de boêmia que consome, lapida-se o prazer em diamante. Vida, qual incenso, é transitória, mas o teu aroma etéreo toma nome na sagrada espiral de minha glória.            Almir - 06/03/2025

Conto: O nascimento de um assassino

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I - TOMANDO A DECISÃO DE MATAR                Hermann resolve ligar o seu computador e acessar alguns jornais para inteirar-se das notícias. É um jovem adulto, com seus trinta anos recém completos,  e sabia que o tempo vai mudando paradigmas na psiquê. A crueza da vida vai revelando, crucialmente, todos os meandros da realidade. Sem unguentos. Sem eufemismos. Sem alívios. A vívida experiência, no seu sentido mais empírico,  é uma voraz ferida lânguida que proporciona inevitáveis turbulências e reflexões. A práxis abala estruturas. Concordava em partes com Hobbes sobre a natureza humana, não enxergava bom prognóstico na bondade alheia. Apegou-se ao conceito de que o mundo é um constante estado de natureza, falseado por democracias e Estados, com um alto grau de periculosidade e maldade. Desprezava profundamente aqueles que faziam mal às pessoas mais vulneráveis e indefesas.  Enquanto o notebook inicia, resolveu ir até a cozinha prepa...

Conto de terror: o assassinato em frente ao Bec Bar

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O assassinato em frente ao Bec Bar I -  A SENTENÇA        Toulon sempre rezou o terço para dormir, naquela noite não rezara e inclusive retirara do pescoço o crucifixo de prata que possuía. Vagarosamente guardou-o em uma caixinha de pratarias, posteriormente olhou-se no espelho, arrumou sua gravata e penteou os cabelos. Estava impecavelmente alinhado. Sua fé não era capaz de deter o que percorria no átrio do espírito. O ódio fervilhava em suas sinapses. Colocou a mão no queixo, como quem faz uma expressão de profunda reflexão, e  subitamente telefona para alguém.  - Alô? - Gostaria de falar com Kelly Mendes. - Faz anos que ninguém me chama por esse nome. Quem é? - Sou eu, Eduardo Toulon, caríssima. Preciso que encontre-me daqui meia hora. - Estou morando no Largo da Ordem, na Trajano Reis. O que está acontecendo? - Pelos velhos tempos, por favor, venha até o Largo pois estarei ao seu encontro. - Por que eu ...

Poesia: Vaso de planta

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VASO DE PLANTA A dosagem correta ante a luz induz a fotossíntese nas folhas O excesso                           A carência sempre mata                      sempre mata Temperança traz a vida! Se o amor fosse um vaso com semente e o Sol fosse o afeto recebido? Os excessos                             ou as faltas                                                         o destino   ...

Soneto do dia: Afluxo sem fluxo

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AFLUXO SEM FLUXO Camões criou diversos poemas líricos, mil e uma maneiras de amar: dos amores vorazes, aos oníricos o êxtase nas estrelas ou no mar. Padeço de problemas vis, empíricos. Vazio de inspiração, muito a falar, mas não saem os versos bons, safíricos, um pouco deste afeto revelar... E abrir o coração de forma pura gentilmente te entregar, sobre a mão isento de qualquer temor, censura. Fazer deste soneto uma canção cantar com violão, esta fissura que é sonhar, dia e noite, com paixão. Almir