I - TOMANDO A DECISÃO DE MATAR Hermann resolve ligar o seu computador e acessar alguns jornais para inteirar-se das notícias. É um jovem adulto, com seus trinta anos recém completos, e sabia que o tempo vai mudando paradigmas na psiquê. A crueza da vida vai revelando, crucialmente, todos os meandros da realidade. Sem unguentos. Sem eufemismos. Sem alívios. A vívida experiência, no seu sentido mais empírico, é uma voraz ferida lânguida que proporciona inevitáveis turbulências e reflexões. A práxis abala estruturas. Concordava em partes com Hobbes sobre a natureza humana, não enxergava bom prognóstico na bondade alheia. Apegou-se ao conceito de que o mundo é um constante estado de natureza, falseado por democracias e Estados, com um alto grau de periculosidade e maldade. Desprezava profundamente aqueles que faziam mal às pessoas mais vulneráveis e indefesas. Enquanto o notebook inicia, resolveu ir até a cozinha preparar um drink de gin tônica com laranja. Assim que regr